Manual Odontológico de Augusto Coelho e Souza

  • Um livro aberto, identificado como "Manual Odontológico" de Augusto Coelho e Souza, datado de 1930. A página da esquerda contém texto contínuo, enquanto a página da direita mostra uma ilustração anatômica em preto e branco de um perfil humano, destacando nervos faciais. Abaixo do livro, há uma placa descritiva com o título da obra e informações sobre o autor e sua intenção de colaborar com mestres da área odontológica.
  • Um livro aberto, identificado como "Manual Odontológico" de Augusto Coelho e Souza. A página da esquerda possui texto e uma ilustração anatômica mostrando a estrutura óssea e músculos da face. A página da direita contém texto e uma imagem fotográfica de um modelo odontológico, demonstrando a extração de dentes. Abaixo, há uma placa descritiva com informações sobre a importância do autor na literatura odontológica brasileira e o conteúdo abrangente de sua obra, que trata de temas como Anatomia e Higiene.

O professor Augusto Coelho e Souza foi um destacado intelectual e escritor da literatura odontológica brasileira. Desde o início do século XIX, preocupado com a falta de literatura para uso dos estudantes de odontologia, escreveu várias obras que foram de grande valor para a formação dos cirurgiões-dentistas no Brasil, quando foram criados os cursos de odontologia.

Mesmo não sendo especialista nessas áreas de atuação profissional, escreveu o Manual Odontológico editado já em primeira mão em 1900, que contempla várias áreas de atuação profissional, tais como: Anatomia, Fisiologia, Patologia Geral e Higiene.

Segundo o professor Augusto, ele jamais teve a intenção de querer ombrear com os mestres especialistas Benjamin Batista (Anatomia), Victor Godinho (Bacteriologia) e Afrânio Peixoto (Higiene), professores destacados e reconhecidos no meio científico nessas áreas da especialidade odontológica, mas sim colaborar com a formação dos jovens profissionais que se preparavam para o exercício da profissão.

Transcrição dos textos visíveis nas imagens

Página 286

“…da região gengivo-dentária dos dois maxilares, da face, lábios e nariz. A observação clínica registra já frequentes casos de adenites gengianas de origem dentária.
Há, além das causas predisponentes mencionadas — a determinante, que vem a ser a incursão nos gânglios, via linfática, de micróbios pyogênicos juntamente com outros. A porta de entrada pode ser aberta durante a evolução viciosa dos incisivos ou dos molares de seis anos, nas pericementites, polyarthritis, gengivites e estomatites. A própria cavidade alveolar, depois da extração dos dentes, oferecerá, em certas circunstâncias, caminho franco.”

Figura 133: Sistema linfático e ganglionar da face
Legenda da figura 133: “Gânglios parotidianos, Gânglios faciais, Gânglios submaxilares, Gânglios submentales.”

“As febres infecciosas são acompanhadas de adenites, e, do facto da adenite de origem dentária ser frequente nos tuberculosos, nasce a suspeita de que ao lado dos micróbios pyogênicos estariam os bacilos de Koch. Starck encontrou-os muitas vezes, mas Cruet e Frey acrescentam que seria questão de diagnóstico, em face da saída da cavidade dentária a porta de entrada do bacilo tuberculoso. As lymphangites da face são também atribuídas à incursão do *actinomyces bovís* pela cavidade das cáries penetrantes e estantes que, em Belo Horizonte, o nosso colega prof. Mário de Castro e o dr. Ezequiel Dias têm…”

Página 287

“…observado casos de desequilíbrio biológico geral, cuja origem pode ser atribuída a ações sépticas exercidas através dos dentes cariados, passando pelos gânglios.
Chegados os germens infecciosos ao gânglio, a reação caracteriza-se por três phases: a induração, o amolecimento e a supuração.
No período de induração, sente-se o gânglio rolar sob os dedos e, se o processo mórbido não evoluir para a phase de supuração, o volume diminúe e há regresso ao estado normal. A phase do amolecimento é o início da supuração e, então, o processo inflamatório difunde-se ao tecido celular: é o adeno-phlégmão.”

Figura 154: Mostra a localização do adeno-phlégmão submental

76 — Exteriorização das adenites

“Nas adenites sub-maxillares, quando a tumefação não entra em phase regressiva, a supuração ou exteriorização, ou, também, toma o caminho do solo bucal.
As adenites e adeno-phlégmãos submentales que interessam o grupo ganglionar submental, coletor dos lympháticos da região gengivo-dentária dos dois incisivos centrais inferiores, são também frequentes, e sobre elas têm incidido quasi sempre a origem dentária. A Fig. 154 mostra a posição de um adeno-phlégmão submental de origem dentária.”

Página 262

Gânglio sub-maxillar — “Está situado por cima da glândula sub-maxilar. Recebe filetes do nervo lingual e do simpático, do plexo carotidiano. Os ramos eferentes vão à glândula sub-maxilar (filetes secretores da glândula sub-maxilar).”

Gânglio sub-lingual — “É inconstante, recebe aferentes do lingual e envia eferentes à glândula sub-lingual. Quase sempre, os filetes para esta glândula vêm diretamente do nervo lingual.”

Gânglio ótico (assim chamado por fornecer ramos ao ouvido) — “É de forma ovoide, está situado por baixo do forame oval, por dentro do nervo maxillar inferior. Ramos eferentes: do nervo lingual e mais: raiz motora — pequeno filete superficial do facial; raiz sensitiva — peq. profundo, glosso-pharyngeo; raiz sympathica — plexo da meninge média. Ramos eferentes: Musculus pterygoideum internum, peristaphylino externo e caixa do tympano.”

390 — Physiologia do trigêmeo — Nervo ophthalmico
“Da sensibilidade à pelle da testa e pálpebra superior, à conjunctiva, à córnea, à mucosa das vias lacrimales. Os nervos cilhares do gânglio dão sensibilidade à íris e à córnea. Daí o nervo ophthalmico tambem filetes secretores para a glândula lacrimal, preside ao pestanejar (acção reflexa), dá filetes vasomotores e tróphicos às membranas dos olhos.”

Nervo maxillar superior — “Distribue sensibilidade à pálpebra inferior, ao labio superior, à maçã do rosto, às mucosas nasal, palatina e gengival, aos dentes do maxillar superior; dá filetes vaso-dilatadores, constrictores e secretores para a mucosa nasal. O ganglio de Meckel, pelos ramos anastomóticos, dá sensibilidade às mucosas nasal, palatina e naso-pharyngea.”
Ramos eferentes: “Musculus pterygoideum internum e palato-estaphylino, por intermédio das raízes que vêm do nervo facial.”

Nervo maxillar inferior — “Fornece sensibilidade à pelle da face, região parotidiana, ao mento, ao labio inferior, aos dentes inferiores, fibras gustativas e lingual (2/3 anteriores). O nervo maxillar inferior dá mobilidade aos musculus masseter, temporal e pterigoideu, ao gástrico e ao hyo-glosso. O gânglio ótico dá filetes secretores à mucosa do maxillar inferior, vaso-motores e dilatadores, do musculus da orelha e estylopharyngeo. Por intermédio do gânglio sub-maxillar fornece filetes secretores e secretores à glândula sub-maxillar.”

391 — 6. Nervo motor ocular externo
“Nasce na face anterior do bulbo, dirige-se para a frente e para cima para o seio cavernoso, atravessa a fenda esphenoidal (anel de Zinn) e chega ao globo ocular. Anastomosa-se com o ophthalmico e grande sympathico e distribue-se ao musculo recto-externo. É essencialmente motor.”

Página 263

392 — 7. Nervo facial
“Innerva todos os musculos cuticulares da cabeça e pescoço, musculos dos ossinhos do ouvido e alguns musculos do véu do paladar (Fig. 150). Pela corda do tympano toma parte activa na secreção salivar e gustação, quando este ramo se junta ao nervo lingual.”

Figura 150: Desenho anatômico mostrando o perfil da cabeça humana com ramificações do nervo facial destacadas
Legenda da figura 150: “Nervo facial e seus ramos terminais.”

“Origem — Na fossa lateral do bulbo, por duas raízes: raiz interna volumosa — facial propriamente dita; raiz externa — intermediario de Wrisberg. Da fossa lateral do bulbo ele se dirige para cima, para a frente e para fora, penetra no conduto auditivo, que percorre em toda a sua extensão, introduz-se no aqueducto de Fallopio, sai pelo buraco estylo-mastoideu, emerge na parótida e divide-se em seus ramos terminaes. O intermediario de Wrisberg segue o mesmo trajecto no conduto auditivo e no aqueducto, e lança-se no ganglio geniculado. Do ganglio, o facial anastomosa-se com o auditivo. Fornece dez ramos collateraes: cinco dentro do cranio, cinco fóra e dous terminaes.”

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Período

Ano

1930

Tipo de Acervo
Bibliográfico, Livros
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