Apesar do primeiro curso de odontologia no Brasil ter sido criado em 1879, a história da Odontologia em Santa Catarina começou a ser escrita apenas em fevereiro de 1917 com a implantação em Florianópolis do primeiro Curso de Odontologia do Estado, que junto com os cursos de Farmácia e Agrimensura, formavam o Instituto Polythecnico de Florianópolis.
Em 14 de fevereiro daquele ano, os jornais O Estado e A Época, de Florianópolis, noticiaram a respeito de sua fundação que se efetivou com uma reunião de cirurgiões-dentistas, farmacêuticos e médicos, além de engenheiros, bacharéis em direito, um oficial da Marinha e um guarda-livros, que decidiram pela formação de comissões para elaboração dos planos de cursos que integrariam a instituição – odontologia, farmácia, comércio, agrimensura e pilotagem. Dentre os seus fundadores destacaram-se os cirurgiões-dentistas Achylles Wedekin dos Santos, José Baptista da Rosa e Álvaro Ramos; além dos médicos Joaquim David Ferreira Lima, Carlos Corrêa, Jonas Miranda, Ervino Presser, Felipe Machado Pereira, Agripino de Mello, Francisco de Mattos; os farmacêuticos Paulino Horn, Antônio Mâncio da Costa, Henrique Brüggmann, Francisco Pereira de Oliveira Filho, Diógenes de Oliveira, Christiano Vasconcellos; e os bacharéis em direito Nereu Ramos, Marinho Lobo, Henrique Rupp Júnior, Ivo D’ Aquino Fonseca, Cid Campos, Antônio Vicente Bulcão Vianna, José Arthur Boiteux e do Capitão-tenente Lucas Boiteux.
As aulas do Instituto Polytechnico de Florianópolis tiveram início no dia 10 de abril de 1917, sendo as dos cursos de farmácia e de odontologia ministradas inicialmente na rua Trajano. Neste mesmo mês, o Instituto foi transferido para outro prédio cedido pelo governo do Estado, este da foto, situado à rua João Pinto esquina da Travessa Ratcliff, nº 41.
A importância do Instituto logo se tornou notória, pois mesmo tendo sido criado como uma instituição particular, não demorou a ter o reconhecimento oficial do Governo do Estado, efetivado pela lei 1.169 de 10 de outubro de 1917. Um ano mais tarde o Governo do Estado reconhece o Instituto como uma instituição particular e autônoma e decide subvencioná-lo para que possa cumprir a sua missão. Apesar dos esforços, somente em 13 de dezembro de 1923 o Instituto consegue ser reconhecido de utilidade pública, pelo governo federal.
Mais de 100 formados e assistência gratuita
A primeira turma de Odontologia do Instituto colou grau em 1919 e teve os seguintes alunos: Ary Bittencourt Machado (Orador), João Mariano dos Santos Junior e Paulina Portella. Teve como paraninfo Joaquim David Ferreira Lima.
O curso de Odontologia tinha tamanho grau de importância para a sociedade florianopolitana da época, que era comum ser noticiado na imprensa local, quais as aulas que iriam acontecer naquele dia ou mesmo, o número de atendimentos de pacientes que aconteciam na clínica do curso.
Infelizmente, por razões diversas, o Curso de Odontologia do Instituto Polythecnico de Florianópolis, encerrou as suas atividades em 1932 tendo formado neste período 14 turmas com um total de 129 alunos e deixando uma lacuna de 16 anos sem a formação de profissionais na área de odontologia.
A primeira turma de cirurgiões-dentistas formou-se em 1919 e a última treze anos depois, predominando entre os formados, alunos da Alemanha e Áustria, que revalidando seus diplomas, voltavam para as cidades no interior do Estado como Blumenau, Joinville e Brusque entre outras. Sendo assim, os que permaneciam na capital eram poucos. O curso de odontologia destacou-se pela assistência gratuita, sendo registrados 753 atendimentos entre os anos de 1917 e 1921.
Pelo decreto federal nº4.763 de 13/12/1923 a instituição foi reconhecida como de utilidade pública, tendo sido liberada neste ano uma verba para a construção de sua sede própria. Além desta verba, foram feitas doações de materiais para a obra por industriais e comerciantes do interior do Estado. Entre 1924 e 1925, o Instituto foi então instalado, no prédio ainda em obras, na avenida Hercílio Luz, nº 47, onde permaneceu até sua extinção, em 1932. Este novo prédio dispunha de gabinete dentário para assistência gratuita e laboratório de química, além de biblioteca e museu.
Com informações da Fiocruz/ipatrimonio.org